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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O fim do poço só chega quando se descobre o que nos aflige. De modo que continuo caindo. Cair é ótimo. Bendita a sensação de voar que nos separa do duro chão que nos espera. Todo o processo de descenso nos dá uma estranha sensação de liberdade. Fazemos coisas que nunca sonhamos fazer, nos tornanos aqueles que sempre odiamos. E como isso é bom... Já rezava a expressão popular que para baixo todo santo ajuda. Não poderiam estar mais certos. Tudo que percebo ao meu redor é a força gravitacional que se fortalece exponencialmente. Todas as forças da física parecem se tornar suas aliadas para transformar o que começou como um pequeno tropeço em um longa queda até o centro da terra. E é assim que qualquer deslize é fatal para aqueles com pouco equilíbrio. Hoje descobri ser um desses. Nunca pude ter muito espaço a meu redor. Imitando muleque travesso invento brincadeiras. Caminhar da maneira como ando fazendo há anos e aparento dominar parece algo bobo. É necessário correr. A vontade grita lá dentro: corre! E então corro. Saio dos meus limites. Quebro o espaço que me torna seguro para mim. E para os outros. Principalmente os outros. Excesso de confiança na minha responsabilidade torna a redoma frágil. A gaiola que prende a besta se parte. E ela sai correndo. A princípio não fere ninguém. Ela só quer brincar. Aproveita aquela nova sensação. Os passos antes medidos agora são soltos - corre pequeno monstro! Vai enquanto pode! O que ninguém esperava era aquela famigerada pedra que nunca pareceu falhar com sua obrigação: a de estar no meio do caminho. O Resultado não poderia ter sido outro. A nova técnica ainda não fora totalmente dominada. Houve um tropeço. Logo em seguida outro. E a queda enfim teve início. Como está sendo longa. Venho caindo desde então. Vejo o chão se aproximar rapidamente. A dura pancada de realidade está cada vez mais próxima. Nunca próxima o suficiente. Parece evitar-me e saborear minha dor. Já me dei conta que não estou em um vôo. Já percebi minha condição como cadente. Mas nunca me espatifarei ao chão enquanto não descobrir o nome da pedra.Até que isso ocorra só sinto o pânico de imaginar a dor da aterrisagem. Como o tempo é muito, tenho adivinhar também aqueles que se espatifarão lá em baixo comigo.


Espero um dia bonito, ao seu lado. <3

1 comentários:

Anônimo disse...

Sempre me joguei do abismo torcendo para criar asas e conseguir voar. Nunca voei (não assim). Mas nem por isso eu deixo de me jogar...

(muitas vezes, confesso, nem espero os machucados se curarem, tamanha minha pressa por viver).