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sábado, 15 de maio de 2010

(In)satisfação.


A gente olha para a tela em branco e fica esperando que ela se encha de palavras – como se fosse fácil assim. A gente quer que ela saiba ler os pensamentos, os silêncios, as pausas e respirações entre uma frase e outra.
Eu, por exemplo, quero tanta coisa que nem toda atenção do mundo conseguiria desvendar. Quero, antes de tudo, descomplicar. Porque o coração bate descompassado pela bagunça que a cabeça traz. Assim, acho que consigo dar uma folga pra ele ver se encontra o ritmo no qual deve bater (embora, vez ou outra, seja bom que ele se perca nas batidas).
Já eu prefiro algo que me mude inteiramente. Não aguento esse mesmo sol que me aquece de forma desvairada, não mais suporto esse frio que me enche de nostalgia e nem essas malditas drogas que insistem em não me entorpecer. Queria alguém que pudesse ser meu fogo quando eu estivesse com frio, alguém que conseguisse enxergar toda a formosura existente nas poucas estrelas que ainda restam no céu ou, ainda, alguém que preparasse aquele chocolate quente em dias chuvosos.
Não é nada surreal. Ao menos, não deveria ser. É o carinho, o contato, a pele. É a necessidade de saber que, sim, tem alguém nesse mundo enorme que – pode até não querer o mesmo -, mas entende esse pedido. Entende que se eu fico quietinha nem sempre é tristeza, às vezes é só uma tentativa de convivência comigo mesma.
Enquanto isso, eu tento encontrar todas as respostas no meu próprio interior e acabo me deparando (e me surpreendendo) com o tamanho do buraco que se alojou no meu peito. Às vezes, ele dói, mas já estou aprendendo a suportar todo esse martírio incessante.
E daí que vão falar que ficamos loucos? Quanta besteira! Pelo menos não nos importamos em dizer, em mostrar, que somos humanos – mesmo quando estamos separados pela distância e dialogando através de máquinas.
Se tivéssemos metade do que almejamos, metade do que desejamos e a integridade do que sonhamos, seríamos seres definitivamente completos. Até esse dia chegar, vamos nos completando em nossa própria insatisfação.
                                                             Escrito à 4 mãos por: Mateus Echeto e Liz Mendes.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O céu nublado, o vento cortante e ensurdecedor, o frio doloroso. É nessa atmosfera nostálgica que busco paz, tranquilidade e um pouco de infelicidade.

 Ultimamente me encontro acostumado com a dor. Já não mais sofro, já não mais escuto meu coração batendo aceleradamente, e nem me pego sentindo a sua falta.  Depois de um tempo quase morrendo, aprendi a me auto-satisfazer, ou seja, ser a minha própria fonte de satisfação. 
Minhas pálpebras automaticamente se fecham diante de cenas que, talvez, possam trazer você para perto de mim novamente; minhas mãos rasgam todas as suas fotos, todas as suas malditas cartas de promessas falsas, e todas as flores que, um dia, você me trouxe (com a esperança de te encontrar em absolutamente nada).
Zapeio todos os canais de tv em busca de programas animados, mas o que encontro são filmes românticos em que a garota faz de tudo para conquistar o artilheiro do time de futebol do colégio. Já me assemelhei a isso. Muitas vezes (muitas mesmo), bolava planos para chegar até você, pensava em maneiras para trazer você para perto de mim. Depois de um certo tempo, tudo ocorreu como o planejado. Você, rapidamente, estava em meus braços frios. O problema é que tudo o que vem fácil, se vai fácil. Você se foi tão depressa que eu sequer te vi na linha do horizonte.

domingo, 9 de maio de 2010

''Sinto falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante...''                                                                   Clarice Lispector.


E é assim que eu me sinto: excrucitantemente tolo. Os meses se vão como cerveja em mesa de bar, as folhas caem e a sua falta se faz maior ainda. A dor lateja no meu peito como facadas e não sou capaz de contê-la. Esse buraco é extremamente profundo. As drogas já não mais fazem efeito sobre mim. Os calmantes não mais me fazem dormir.Todo santo dia, eu peço a Deus para não sonhar com você. Mas não adianta: essa nostalgia me devora, me domina, me destrói.